sexta-feira, 25 de abril de 2008

Loiras do banheiro e Boa-Noite Cinderela

Certa vez os manos se reuniram numa aula vaga. Ricardo era sempre o manda-chuva, dava as idéias, e os outros apoiavam e executavam. Ele é gente boa, diz que para o que precisar, com ele pode contar, se alguém provocar, ele pode mandar ou ele mesmo derrubar, seja sempre seu amigo e a proteção é garantida.
O mundo de Ricardo já não era o mesmo que o nosso. Suas companhias, seus trajetos e sua mente haviam mudado. Ele assustava com suas palavras, às vezes só para impor medo, não sabíamos do que era realmente capaz, e se tudo que dizia podia se tornar realidade. Já era um Cavaleiro extraviado.
O plano seria executado no dia da festa que as gatinhas tinham armado. Até o Benito resolveu entrar na dança, tirou seus grandes óculos fundo de garrafa, e se espantou com as palavras de Ricardo.
Senti-me estranho naquela noite, não queria seguir em frente com o plano. Não me enxergava fazendo tal coisa, se algo desse errado estaríamos todos ferrados, se alguém abrisse o bico, estaríamos todos expulsos do Tenente.
Ao olhar no espelho pela manhã:
- Cara, não seja covarde, talvez essa seja sua chance de ganhar mais respeito com os caras, mas cuidado, vê se não exagera.
Caro leitor, não sabes como é difícil entender a situação e enfrentar a realidade tomando a decisão certa. O que seria correto para mim naquele exato momento? Fugir e não participar daquela experiência? Sem saber o que iria acontecer, resolvi pagar para ver, e com os manos fazer a festa.
Ricardo havia dito que traria uma surpresa para o grupo, e trouxe, ele já havia descoberto a tal maconha, e achou uma grande novidade. O Zé Pedro trouxe uma bebida chamada Último dia.
A diretora estava caindo de sono em sua sala. Fabrício havia colocado sonífero no cafezinho dos professores, o famoso Boa-Noite Cinderela. Todos beberam, e depois de alguns minutos estavam, sem exceção, desmaiados. Ricardo os trancou na sala, e Rondisval se encarregou de tirar os fusíveis. De repente toda a escola estava num breu espantador, nenhum adulto à vista, era tudo o que um bando de adolescentes malucos precisava para ter uma noite muito louca.
Quem não gostou muito da história foi o Rob, que tinha verdadeiro horror da escuridão, mas o maior problema era o fato de ser na escola, afinal, quem nunca ouviu falar na história da loira do banheiro. Vai dizer que você não conhece, leitor, essa já é velha, mas ainda assustava. Espere um momento, vou relembrar um episódio que se passou no primário, quando ouvi pela primeira vez sobre a tal loira, que por sinal me fez ter muitos pesadelos, e até hoje me dá arrepio contar sobre ela.
Há três versões para o caso, mas o importante é que ela sempre aparecia do mesmo jeito: de branco, algodão no nariz, pálida, unhas vermelhas, algumas vezes chorando, outras com um sorriso sinistro. Podia ser uma loira velha, uma jovem e uma aluna de uns 15 anos. Segundo a história, a senhora foi buscar seu neto na porta do colégio, mas antes de chegar foi atropelada por um carro, e até hoje perambula pelas escolas à procura do menino, pois nunca conseguiu chegar. A jovem devia ser uma professora que foi estuprada dentro de um banheiro da escola quando ia se maquiar, pois era muito vaidosa, e em seguida foi assassinada. Sua alma ficou presa no banheiro. A última história é da aluna que era apaixonada por um professor, e um certo dia ele apareceu na escola com sua namorada. A garota ficou tão decepcionada que entrou dentro do banheiro, arrumou-se toda e colocou uma corda no pescoço se matando.
(...)

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