terça-feira, 20 de maio de 2008

Pai nosso


Aos meus dez anos, uma das minhas avós me ensinou a rezar. Pouco antes dela morrer, pediu que sempre que estivesse sozinho, triste, precisasse de alguma coisa, e principalmente quando algo fosse atendido, eu devia rezar e agradecer.
Daí para cá sempre rezo pelos manos, peço a Deus que cuide da favela, pois ninguém está livre da guerra, peço para não presenciar mais mortes, mas o Grande talvez não tenha tempo de me atender. Acredito que haja excesso do mesmo pedido, e Ele me escolha para ficar para depois. Como diria vovó, os mais necessitados primeiro.

Que meu pai lá do céu
Olhe pelo povo sofrido,
Cuide do réu
Realize o pedido,
Ouça os tiros,
Salve os perdidos.
Calçadas ensangüentadas
Vidas despedaçadas!
As mães desesperadas,
Moleque de olho arregalado,
Silêncio guardado,
Olha a bala perdida!
Uma cabeça abatida.
No silêncio se foi
O órfão de pai e mãe.
Mais comida para inseto
Mais trabalho para coveiro
Acontece no mundo inteiro.

É difícil ouvir um professor chato, decorar fórmulas malucas que nunca sabemos quando e como vamos usar. Fazer decoreba para a prova chega dói, aí, chega o ponto em que temos que apelar para os céus. Essa oração foi ensinada para quem já está fudido, porque nunca é tarde para tentar a última salvação:

Pai nosso dos estudantes
Mestre nosso que estais na sala
Não ficais zangado
Multiplicada seja a sua paciência
Venha a nós o vosso espírito
De estudante adormecido
Seja feita a vossa vontade
Tanto na classe quanto na nota
O dez nosso de cada dia
Nos dai hoje
Perdoai as nossas bagunças
Assim como nós perdoamos nossos professores
Nunca deixei-nos cair em segunda época
E livrai-nos da reprovação
Amém

Vale a pena rezar na hora do apuro, mas nunca esqueça a cola nossa de cada dia, o que também não garante, mas dá uma segurança. Dizem que quem cola não sai da escola, mas você já percebeu que depois de uma cola bem-feita a gente acaba decorando a matéria e nem precisa na hora da prova. Confessem, quem nunca colou nessa vida que atire a primeira pedra. Parece um imã que puxa, já cheguei a colar sem precisão, eu tive um professor chamado Moacir que sempre dizia ...

Nenhum comentário: