segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O enterro

Todos os amigos, conhecidos e curiosos seguiram em cortejo, a última despedida de nosso amigo. As minas com flores nas mãos, os amigos tentaram evitar as lágrimas, mas a revolta estava nos olhos de cada presente, um ódio que tinha em sua raiz o desejo de descontar na mesma moeda a grande perda.

O caixão desceu, as flores o cobriram, a terra foi jogada aos poucos, a cruz colocada, o cemitério era o tal São Luiz, conhecido por todos em todas as periferias do lado sul, quantos mortos, tantos inocentes, culpados, indigentes, São Luiz periférico, fim de todos!

A noite é uma visão horripilante no tal lugar, as pessoas são enterradas o tempo todo, já vi defunto de olho arregalado no caixão, defunto suando, mas o terrível para mim é o tal algodão no nariz, já tive uma porção de pesadelos com tudo isso. O paredão de ossos com todas aquelas fotos de crianças, jovens, adultos e velhos de todas as épocas registrados em três por quatro, o formato da maioria, uma imagem de morte e de pesadelo!


O tempo passa, a solidão da alma queima meu corpo, ainda não acredito em tudo o que aconteceu, parece impossível, aquele tal destino que parece rir de nossa cara, brincando com nossos sonhos que não acontecem e ainda colocando buracos no caminho.

Será que destino existe mesmo? Será que ele é tão cruel como parece? Prefiro não crer nisso. Certas coisas são impossíveis de apagar, e lamentar não adianta, martirizar-se, não há por quê! O melhor é virar mais essa página vermelha de minha vida e seguir em frente meu caminho. Contar a todos o que aconteceu, para que pessoas importantes, além de não serem esquecidas também sejam lembradas, como orvalhos que fizeram a diferença para alguém e serviram como exemplos de tristes histórias.

Sei que ainda encontrarei muita coisa ruim em meu caminho e, pior, ainda terei que enfrentar tudo de frente! Que os céus me ajudem!

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