terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O outro lado da verdade: delírios, pensamentos, palavras e adultos

Desculpa, leitor, vou fazer um desabafo e já continuo a história.
Eu tô irado com a figura do seres humanos, as pessoas gostam de se enganar; falam da vida alheia, mas odeiam que toquem em seu nome.
São os comentários, mais conhecidos como fofocas. Julgam os outros e condenam sem mesmo conhecer a verdade.
É fato que os fins nem sempre justificam os meios, mas como julgar as ações sem conhecer os motivos? Como decretar a mentira, se apenas quem diz, sabe a verdade?
Eu acredito que os maiores perdedores são aqueles que não são capazes de fazer o que dizem, ficam apenas nos planos, corrigindo os defeitos dos outros e nunca os próprios. Sempre encontrando desculpas para nunca terminar um plano, uma ação, uma vontade ou um sonho.
São esses palhaços (sem ofensas aos verdadeiros palhaços) que fazem das coisas fáceis coisas difíceis, colocando obstáculos e dúvidas, e ainda acreditam ter absoluta razão em recriminar os que fogem do sistema.
Não quero generalizar, mas a maioria dos seres humanos é cega e surda com as verdades que os cercam, e acabam transformando os sonhos em pesadelos constantes. E pior que transformar o seu sonho em pesadelo é transformar o sonho do seu semelhante também, pois este podia ter o sonho como única solução dos problemas reais. A realidade é muito cruel, nua e selvagem. Estão salvos aqueles que encontram uma forma de fugir. Ela nos traz desconforto e angústia, essa é a explicação para que todos os bons momentos sejam tratados como um sonho, e quando tudo volta ao normal, as coisas parecem ficar ruins novamente, e aí não enxergamos a luz e as belezas da natureza. Quando não mais se tem um sorriso para dar às pessoas sem que elas lhe peçam, é neste momento que você enxerga a triste realidade em que se sobrevive, onde sonhar alto é proibido, pois os sonhos aqui são de acordo com suas posses também!!
E quando menos esperamos, nos perdemos num olhar, num simples e belo olhar.
Amigo leitor, foi exatamente isso que talvez você tenha captado nas palavras acima: as pessoas más acordam os que sonham alto, e muitos covardes param de dormir para não correrem o risco de sonhar novamente. E quem não sonha não conquista, por isso hoje eu sonho alto, e com coisas grandes mesmo, porque de pequena e simples basta a vida que eu levo.
Ainda sou um jovem, e ao observar os adultos tenho muitas teorias. Uma delas trata-se de quanto mais um adulto tem certeza de uma determinada coisa, mais eu tenho a certeza de que ele está errado. Isso porque eles precisam provar o tempo inteiro o quanto possuem segurança no que dizem. Às vezes tenho medo de virar um adulto, são tantos erros, falta de sensibilidade, egoísmo. Ainda não me acostumei, tenho vergonha de muitos que me cercam.
Vejam a política do país. Há um século que prometem mudança, e o que vejo são migalhas para agüentar a fome. Alguns professores tentam, mas sempre desistem no caminho e adaptam-se ao meio para não enlouquecerem ou ficarem desempregados. Os patrões e chefes das empresas nunca enxergam tudo o que se passa, apenas o que é conveniente. E os pais, os pais são um caso a parte, prefiro não comentar novamente...
Essa responsabilidade que vem com a destruição dos sonhos faz todos da geração periferia temer; afinal, o que vemos dizem que é o nosso destino, mas o que estamos vendo a ninguém agrada.
Qual jovem tá a fim de se casar, ter filhos para cuidar, educar, sem ter esperança de um bom emprego? Porque o país tá sempre em crise, sair da favela é sempre um sonho difícil de se conquistar. E depois vem a responsa, contas, remédio, comida, roupa, calçado, lágrimas da mulher, problemas e mais problemas. São esses temores que trazem as idéias fracas em muitos manos.
Sinto muito, mas se alguém disser que essas reclamações significam negar a origem, eu vou negar a minha. Não tenho vergonha de nada do que vivi, pelo contrário, tenho até orgulho, pois tudo isso me ensinou coisas que nenhum playboy de vida boa vai ter na vida, ou se tiver vai precisar de muitos professores para ensinar. Aqui todos aprendem a ser forte, aprendem a ser humilde na marra, superar dificuldades, agüentar tristezas e ter dignidade acima de tudo. Acho mesmo que somos vitoriosos por chegar à maioridade com algumas conquistas, porque não são todos que nascem aqui e conseguem conquistar seus sonhos de criança, mas nem por tudo isso desejo criar uma família nas mesmas condições que tive, pois talvez eles não tenham a mesma sorte que eu. Quero mesmo é fugir dessa, e não vou utilizar a viagem que os manos de cabeça fraca usam, eu vou tornar real o que sonho todas as noites, quando o cansaço não predomina, na esperança de que alguém com poder para me ajudar ouça meu grito, mas não me acorde. Que nenhuma autoridade use balas para impedir minha entrada, e quando eu estender a mão tenha alguém para me ajudar a atravessar a ponte, e que minha poesia entre por todas as portas, janelas, e frestas que encontrar abertas. É, leitor, eu vou ser um vencedor, pois enquanto eu acreditar nisso, sei que posso conseguir.
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Um comentário:

Ewerton C disse...

Esse livro é tão maravilhoso =D