quarta-feira, 19 de março de 2008

Dominado pela droga - Parte 2


O Dudu amigo do Juninho morreu numa madrugada de sábado. Ele havia fugido da escola e estava envolvido com o tráfico.
Numa festa de aniversário de criança em frente de casa houve o desespero.
O aniversariante fazia 4 anos. A casa estava lotada de crianças, e os adultos se amontoavam na calçada tomando cerveja e comendo salgados. O som alto animava a rua inteira, portão aberto, quem quisesse entrar na festa não pedia permissão, subia as escadas, comia e saía. Muita gente estranha, uma galera que não era da área sempre aparecia, e foi assim que o Dudu apareceu do nada, e só foi percebido quando uns malucos subiram as escadas trabucados e a galera começou a correr. Quem pôde fugiu para casa, as mulheres em desespero pegavam as crianças e escondiam em todos os buracos visíveis, debaixo das camas, atrás do sofá, no banheiro...

Os malucos estavam com armas infravermelho, e a luz era mirada na cabeça de todos que estavam na frente, a Nay arregalou os olhos, quando ficou de frente para a arma, se abaixou e saiu correndo. Os caras tinham alvo, e não iam fazer estragos maiores, o Dudu tentou correr, mas não pôde, foi agarrado pela gola da camisa e jogado escada abaixo, o impressionante é que os caras não se importaram em esconder as caras, arrastaram Dudu da calçada até a rua perto do esgotinho e dispararam as armas.
Das mulheres só se ouviam os gritos, a festa tinha acabado!

Quinze de novembro
Ele entrou,
Pediu um guaraná,
Talvez fosse o último,
Não podia imaginar.
Chegou de mansinho,
Com cara de anjinho.
Subiu as escadas,
Estava assustado
Quando viu os caras
Quase pulou para trás!
Ainda pediu misericórdia
Mas era tarde.
Foi agarrado pela gola
Tirado da casa
Aos chutes ele desmaia
Tão novinho, coitado!
Não podiam imaginar
Algo de errado
Com certeza está no ar.
Morrer desse jeito
Isso não é normal.
As senhoras ao vê-lo
Só comentavam esses ensejos.
Foi levado para rua
Espancado, pisoteado
Oito tiros na cabeça
Estirado na sarjeta.
A multidão acumulando
Todo mundo só olhando e comentando.
A madrugada chegou
A chuva entornou.
Sua mãe sabe-se lá!
Talvez dormindo
Sonhando com anjinhos,
Sem saber onde anda seu querido filhinho.
A polícia chegou,
No camburão o jogou,
Foi pro I-M-L
Esperar o reconhecimento,
Que a família procure
O menino que não voltou para casa.

Respeitado pelos manos, odiado pelos inimigos concorrentes. Foram oito tiros na cabeça e outros mais pelo corpo. A mãe dele estava conformada e não tinha lágrimas no enterro, esperava só o dia de pôr o vestido preto, como milhões de mães que esperam o dia para levar a rosa e rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria, e pedir que Deus o perdoe pelos pecados cometidos, é hora do descanso da família.


Correr no campão em dias de sol, jogar futebol como se fosse profissional. Era o momento de esquecer a realidade, mas muitos se esqueciam completamente e brincavam com o perigo. O problema é que o satanás atiça a inocência e traz a violência, são os fatos da zona sul que arrepiam a alma. Filho drogado matando os pais, quando o vício domina é roça! Pivetada que não fica esperta deixa as mães ainda jovens de luto. As mães estão cansadas de rezar em cova rasa.

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